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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
O quê é, na verdade,
Ser velho, velho mesmo?
É viver com saudade,
Caminhar a esmo?
É tossir um pouco,
Todo santo dia?
É ficar rouco,
Defendendo uma utopia?
Ou será que é ter
Netos, bisnetos, trisnetos?
Será que é, na vida, haver
Realizado tantos projetos?
A chegada da impotência,
Seja ela qual fôr?
Ou a grande paciência,
Diante da mais triste dor?
Será que é a memória,
Que falha de quando em vez?
Ou dar a mão à palmatória,
Ao contemplar a própria nudez?
É ter direito à fila especial,
Somente entre os pares?
Ou é não ser mais o tal,
Imune a todos os azares?
É saber ficar calado,
Quando não se tem o quê dizer?
É passar o dia sentado,
Deixando o tempo acontecer?
Saber que a vida se esvai,
Cada dia um pouquinho mais?
Saber que o corpo trai,
Sejam quais forem as credenciais?
Será que é mover-se
Em cadeira de rodas?
Será que é manter-se
Alheio a todas as modas?
Não, ser velho
Não é nada disso.
Como diz o Evangelho:
É o supremo compromisso.
Que não é lutar pela vida,
Não é depender do SUS.
É, sim, na grande corrida,
Ficar, para apagar a luz.