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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Envelhecer pode ser uma arte,
Mas não é a arte de ficar velho.
Esta, de cada vida pode fazer parte,
Mas a entrega sempre ao ferro-velho.
O velho tosse, chia, resmunga, manca
E fica, cada vez mais, próximo à demência.
A pele ficando mais enrrugada, branca,
E cada vez mais dependente da ciência.
Subordinado à tímida aposentadoria,
Sobrevive pelos filhos, pelos netos.
Refém, permanente, da geriatria
E distante de novos projetos.
Vê, cada vez mais, o seu mundo morrer.
Vê, cada vez mais, seu tempo se esvair.
Um certo cansaço simplesmente para fazer
Aquilo que, antes, era tão facil produzir.
Mas, se ficar velho é a arte da sobrevivência,
A que propósito, afinal, deveria ela servir?
Será que é tornar-se exemplo, referência?
Será que é mostrar aos outros para onde ir?
Não. Ficar velho é, antes de mais nada,
Amar a si mesmo, ao que se foi, se é e se será.
Pois cada um caminha pela sua jornada
Como quer e pode e não como ao Deus dará.