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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
O manto da noite nos cobre.
Ela dorme, quase não ressona.
Sono suave, um quê de nobre,
Ignorando minha maratona.
Estou doente e parece grave.
Mas não quero preocupa-la.
Vejo a partida de minha nave
E caminho, devagar, até a sala.
Há tanto tempo estamos juntos,
Mais que uma vida inteira.
Falamos sobre quaisquer assuntos,
A dor sempre foi passageira.
E agora, como é eu que faço?
Como evitar o que vai acontecer?
Não tenho mais nervos de aço,
Não sei mais onde me esconder.
Pensei em deixar uma carta, escrever
Explicando, da melhor maneira,
Que não conseguiria ve-la sofrer,
Que era só minha aquela ladeira.
Pensei em jogar o carro numa ribanceira,
Para transformar desgraça em acidente.
Fosse o que fosse, qualquer a maneira,
Quem não diz a verdade, mente.
Por que não deixar os exames à vista,
Como se fosse um esquecimento infeliz?
Não, isto seria por demais egoísta,
E egoísmo comigo não condiz.
Não vou fazer nada disso.
Vou só chegar mais perto.
Ela é meu único compromisso,
Dane-se o errado ou certo.