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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Foi difícil, confesso,
Mas aprendi a amar meu rosto.
E mais não peço,
Para me privar do desgosto.
Envelhecer tem suas vantagens,
Embora seja incerto quais.
A vida sempre manda mensagens,
Algumas delas fatais.
Os olhos não são o espelho da alma.
Manter-se são exige muita calma.
O espelho é o rosto,
Com suas rugas.
Do vinho, o mosto,
Sem hesitações nem fugas.
Não há plásticas para vida,
Como não as há para a alma.
É da natureza da ferida
Lembrar-se sempre do trauma.
Meu rosto diz quem sou:
Um ser humano pra lá de corriqueiro,
Que sofreu, lutou, amou,
E nunca foi, de si mesmo, forasteiro.
Cada uma das minhas rugas
É a cicatriz do amor incompreendido,
Dos fracassos, das perdas, das fugas,
Do haver sido pela sorte preterido.
A luz em meu olhar,
A lembrar-me das encruzilhadas.
O ser, ao invés do ter,
Das muitas tantas jornadas.
Minhas rugas são comendas
Que a vida me outorgou.
As pequenas grandes prendas
Que fizeram de mim o quê sou.