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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Há nadas que são alguma coisa,
Há algumas coisas que são nada.
Todo buraco tem fundo.
Termina em algum lugar?
Ou, tipo um vagabundo,
Não se deixa apanhar?
O buraco se expande,
Conforme a necessidade?
Ou mesmo que se mande,
Não perde a identidade?
O buraco tem alguma cor?
Os do universo são à prova de luz.
Pensando bem, seja como for,
Buraco bom tem que ser de truz.
O buraco não fala, se manifesta.
Muitas vezes em silêncio absoluto.
A fins indizíveis se curva e presta,
Quase sempre servo do anacoluto.
Os buracos são quase eternos,
Porque sabem se mover silentes.
Sejam eles anciões ou modernos,
Amplos, largos, húmidos ou cogentes.
O nada sempre nada será
E o nada sabe ser imortal.
Até porque nunca deixará
De ser o que é: fundamental.
O nada não pode ser medido,
O nada não tem compromisso.
O nada guardamos, escondido,
Porque é tudo e não é isso.
Cada um tem seus buracos,
Sejam eles bons ou maus.
Mas, inteiros e não aos nacos,
Servem para xanas e paus.