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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
O tempo a ninguém espera.
Como louco, desanda e corre,
À feição de matreira fera,
Que nunca, jamais morre.
Carrega-nos consigo,
Como se fôssemos ninguém.
Não teme nem o perigo,
Sabe a força que tem.
Desdenha-nos, porque não passa.
Quem passa somos nós.
Ele estilingue, nós vidraça,
Transforma-nos de netos em avós.
É maldoso, sutil, ladino.
Rouba-nos a vida aos poucos.
Obedece somente a seu figurino,
Pouco importa se nos deixa loucos.
É mestre de muito rigor:
Repete as lições até que as aprendamos.
Não é muito dado ao amor,
Não vai à missa nem no Domingo de Ramos.
Acompanha-nos do nascimento à morte.
Sem interferir, deixa-se usar.
Trata nossa vida como se fosse um esporte,
Dá-se a nós, sem se entregar.
Brinca de ser amigo, no tempo da cura.
É cruel, no tempo da dor.
Conserva inalterada sua mesma textura,
Seja no frio, seja no calor.
A tudo comanda, a tudo rege.
Alimenta esperanças, apaga certezas.
No fundo é tão-só um herege,
E essa, é só uma de suas tantas belezas.