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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Meu Deus, não é possível,
Eles estão de volta.
É absurdo, incrível,
Tanta dor sem revolta.
Sei que todos tem fantasmas,
Alguns de pura estimação.
Por que, dentre tantos miasmas,
Os meus são o quê são?
O principal é o medo,
Um medo indizível, escuro.
Eu luto, não cedo,
Mas não me sinto seguro.
Medo de não saber, ao certo,
Se o correto e adequado
É ficar longe, ou perto,
Falar ou ficar calado.
Medo de ficar sozinho,
Perdido, sem ninguém.
Medo de gostar de vizinho,
Só para gostar de alguém.
Medo de não ser bom amigo,
Medo de não ser bom amante.
Medo de perder tudo, virar mendigo,
Medo de ser, na vida, figurante.
Medo da aventura,
Medo do perigo.
Medo da loucura,
Medo de não encontrar abrigo.
Medo de ficar doente,
Medo que o amor acabe.
Medo de não ser boa gente,
Medo que tudo desabe.
Medo de me olhar no espelho,
Medo de não saber ceder.
Medo de dar mau conselho,
Medo de envelhecer.
Medo de sair à rua,
Medo de ser assaltado.
Medo de olhar a lua,
Medo de ficar irritado.
Medo de não lembrar,
Medo de esquecer.
Medo de voar,
Medo de sofrer.
Medo de ser julgado,
Medo de me perder.
Medo de ser enganado,
Medo de não saber.
Medo de sentir dor,
Medo de não ter.
Medo do frio, do calor,
Medo de querer.
Medo de remédios,
Medo do poder.
Medo dos tédios,
Medo de viver.
Medo de ter medo,
Medo de não ser.