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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Tão gostoso e confortável,
Toda quinta, depois das cinco.
Ela, sempre tão afável,
E vestida só de brinco.
Digo brinco porque era um só,
De tão econômica que ela era.
O apartamento era da avó,
Ali, no comêço da Anhanguera.
Nunca quis dinheiro,
Só aceitava presentes.
Sempre o mesmo roteiro,
Detestava coisas diferentes.
Devagarinho fui me apegando,
Assim como quem sabe, mas faz.
De repente, nem sei quando,
Era freguês, e contumaz.
Tentei ir às segundas, também,
Mas ela, dengosa, disse:
- Tá ocupada, meu bem,
Mas te deixo como vice.
O tempo foi passando, passando
E cada vez eu gostava mais.
Na verdade, tinha perdido o mando:
Queria mais é conhecer os pais.
Cheguei a pensar numa conversa séria.
Pra falar a verdade, até em casamento.
Não sei se falei o nome, Maria Quitéria,
Razão maior de meu encantamento.
Criei coragem e decisão:
Comprei anel de noivado.
Era muito mais que só tesão
E lá fui num feriado.
Subi as escadas devagar
Com o coração saltando no peito.
Eu sabia o que falar
E só aceitaria uma resposta: Aceito!
Quando cheguei à porta,
Havia um bilhete colado.
Dizia: Na vida o quê importa
É saber viver, haver brincado.
Enfiei a viola no saco
E fui saindo de mansinho.
Não dá pra ser fraco
Ainda mais na frente de vizinho.