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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Ninguém dá valor ao buraco,
A não ser que seja o negro.
Mas existe no violão, no cavaco,
No andante e no allegro.
No metrô, na rosquinha,
No pudim, na gelatina.
No gelo da caipirinha,
No músico que desafina.
No vulcão, no picolé,
Onde vai o pauzinho.
No rojão, no buscapé
E até no colarinho.
Nas contas do fim do mês,
No coração despedaçado.
Nas respostas sem porquês,
Na cabeça do alienado.
Na dor, na saudade.
No zero, na garganta.
No umbigo, na maldade
E até no fiofó da anta.
Dos buracos na vida,
Cada um que escolha o seu,
Entre a esperança perdida
E o amor que não se esqueceu.
Meu buraco preferido
Está longe, escondido.
É vermelho como a rosa
E adora um dedo de prosa.