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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Como brincar com a vida,
Quando ela brinca com a gente?
Qual é a exata medida,
Para não ser inconsequente?
Como acertar a dose exata
Entre a fé e o ceticismo?
Permanecer diplomata
Ainda que rasgado o catecismo?
Vitórias e derrotas
No silêncio de si mesmo.
Será que somos idiotas,
Vivendo todos a esmo?
A mulher que nos ama,
O amigo que nos socorre.
Às vêzes dá a maior gana
De tomar solene porre.
Onde estão escondidas
As verdades duradouras?
Aquelas esperanças perdidas
Morenas, ruivas e louras?
Tudo está tão longe.
Ao mesmo tempo tão perto.
É preciso ser monge
Para saber o caminho certo?
Ficar quieto não adianta,
Mexer-se muito também não.
Quem muito cedo levanta
Toma logo um safanão.
A vida faz parte da morte,
Ou é a morte é que faz parte da vida?
Não que isso realmente importe
Já que o caminho é só de ida.
Quanto vale um tormento,
Quanto dura uma alegria?
Por que optar pelo cinzento,
Enquanto ainda é de dia?
Se a saúde é passageira
E o dinheiro fugaz,
Em qualquer eira ou beira
Só vale mesmo quem faz.
Quem desanima sempre perde,
Quem luta nem sempre ganha.
Mas não há quem não herde
Quando sobe a montanha.
Receita, cada um tem a sua:
Pessoal e intransferível.
A melhor é, de noite, namorar a lua,
E, de dia, fazer o possível.