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Autor:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Cada vez mais, gosto das coisas antigas,
Mas só das que não ficaram velhas.
A elegância clássica das bigas,
O gosto suave das groselhas.
Há coisas que ficam, sem passar.
Há coisas que passam, sem ficar.
Um velhinho elegante,
Uma velhinha espoleta.
Uma obra de Dante,
Um pirata perneta.
Uma mentira gentil,
Um olhar desinteressado.
De cobre antigo funil,
Ainda que mal conservado.
Uma carta manuscrita,
Um tubo de lança perfume.
Um vestido rodado de chita,
Um piscante vagalume.
Um relógio cuco,
Um amigo maluco.
Um elegante eunuco,
Um pesado trabuco.
Comida feita em casa,
Pipas e quadrados também.
Gente que se atrasa,
Porque perdeu o trem.
O amor simples e barato,
Que durava a vida inteira.
Servido no mesmo prato
Que a impossível saideira.
Há coisas que ficam, sem passar.
Há coisas que passam, sem ficar.