Autores:
Intérprete:
Júlio dos Santos Oliveira Jr.
Paulo D'Elia
Paulo D'Elia
Era um tipo faceiro.
Trabalhava de vez em quando,
No cartão de visitas: engenheiro.
Usava chapéu coco
E calça de brim.
Às vêzes parecia louco
E só dizia sim.
Contava histórias pitorescas.
Falava russo e alemão
E tinha as mãos limpas e frescas.
Não usava branco, de jeito nenhum.
Tinha sempre um cravo à lapela,
Às sextas fazia jejum
E era louco por uma donzela.
Cantava a toda hora
Belas árias da Tosca.
Adorava sorvete de amora
E não dispensava uma rosca.
Só bebia cachaça pura,
Envelhecida em carvalho.
Já que a vida é dura
E dá muito trabalho.
Não tinha talão de cheque,
Pagava tudo em dinheiro.
No calor usava leque,
Era um tipo faceiro.
Belo dia bateu as botas,
Morreu como passarinho.
Entre seus papéis e notas,
Descobriu-se um segredinho.
Nos documentos do falecido,
Estava lá, no obituário,
A data em que havia nascido
Maria do Rosário.