PEQUENOS SINAIS

Autores:


Intérprete:

Júlio dos Santos Oliveira Jr.

Paulo D'Elia

Paulo D'Elia

É, eu deveria ter visto,

Os tantos pequenos sinais.

Poderia ter previsto

Que o bom não pode ser demais.


Acho que foi aos poucos.

Não, não acho não, tenho certeza.

Olhos cegos, ouvidos moucos.

Essa foi minha grande fraqueza.


Teu suave ressonar, à noite.

Meus olhos grudados em teu rosto.

Beleza tamanha, um açoite.

E eu abraçado a meu pressuposto.


Teu sorriso era tão bonito

Que nem parecia estar dormindo.

E eu viajava, ia ao infinito

Montado no que estava sentindo.


Mas, naquela noite estranha,

Teu sorriso estava diferente.

Parecia o de uma ariranha,

Tinha algo de delinquente.

De repente, você murmurou: Alfredo...

Mas meu nome é Inácio...

Tive uma sensação de medo,

Senti, invadido, meu palácio.


Dia seguinte, no café,

Perguntei se você conhecia algum Alfredo

E você despistou, sabe como é?

Voltou-me aquela sensação de medo.


Você começou a chegar mais tarde,

Não parecia mais tão bem como de costume.

Comecei a ficar preocupado e, covarde,

Guardei só comigo meu azedume.


Você começou a agitar-se durante o sono,

Mas dizia que estava tudo bem.

Eu, sentia cada vez mais o abandono.

E assim se passaram os meses e o ano, também.


Até que, naquela manhã de sexta,

Encontrei teu bilhete na escrivaninha.

Dizia: “muitas são as frutas da cesta,

Cuide da sua, porque vou cuidar da minha”.

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